quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Da persistência

Mizael era um jovem determinado a escrever um futuro melhor para si do que o destino tinha lhe previsto. Vindo de uma família humilde, sabia do valor que o esforço em seu cotidiano tinha para se alcançar um objetivo. Como somente tinha terminado o segundo grau e não poderia ter um rendimento bom com este diploma, resolveu planejar um futuro para si. Resolveu, então, continuar trabalhando em meio período enquanto ainda morava com os pais e estudar para um concurso público no qual o seu diploma pudesse lhe da uma ascensão financeira.

Passava os dias no trabalho, pensando no concurso e resolvendo questões mentalmente, enquanto empacotava os sacos de compra. Na quinta-feira, um cliente que era juiz, aparecia na loja. Ele sempre o ajudara e, com isto, tomara lições de direito com ele. Este senhor, Romualdo, sempre o incentivava a sonhar mais alto e ir, aos poucos, concretizando este sonho. Neste dia, porém, ele trouxe-lhe um presente: havia comprado a apostila com todas as matéria para Mizael. Este, exultante, agradecera a Romualdo; ele, porém, apenas estava retribuindo um favor, passando-o adiante.

Estudava todos os dias, sempre que chegava a sua casa. Conseguia manter os estudos e o trabalho - e ainda conseguia ver Sylvia nos finais-de-semana, de modo romântico. Sua namorada o apoiava como nunca nos estudos, estando ela também engajada em passar, estudando também com ele para o concurso. Após alguns meses de estudo e a realização da prova por parte de ambos, cabia somente a espera. Esta, de uma maneira corrosiva e ansiosa, tomava-lhes uma parte do tempo.

Os dois tiraram férias de quinze dias de seus empregos e resolveram apenas passear. Não que fosse algo típico da novela das oito, mas era um romance sincero. Caminhavam pela Floresta da Tijuca e, quando podiam, faziam amor na casa um do outro - sem a presença dos inúmeros irmãos. Ele, porém, ao voltar de férias, fora demitido. Entrou momentaneamente em parafuso - sua contribuição era pouca, mas necessária para aquele âmbito familiar. Começou a espalhar currículos, sem sucesso. Sylvia ainda tentou acalmá-lo; resultou em uma briga.

Após alguns dias sem se falarem, havia saído o resultado. Os dois haviam passado. Mizael, então, resolveu procurá-la para conversarem. Com uma certa resistência, ele conseguiu explicar a situação para ela e pediu desculpas. Ela, entre lágrimas, falara que não era somente culpa dele; ela também estava muito nervosa com tudo o que estava acontecendo na vida dela. Ele indagou-lhe o que ocorrera. Ela silenciou por poucos segundos, mas o tempo de uma eternidade para aquele jovem casal.

Ela pegou a mão direita do seu amado, com calma, e pousou sobre o seu ventre. Ele a havia fecundado. Sabia que ela andava estranha e, até o momento, não entendia o motivo. Não desejava que sua filha tivesse o presente sofrido de ambos. Ele, chorando, prometeu que isto não ocorreria com ela, que eles continuariam estudando para que pudessem alcançar um patamar social cada vez mais elevado - afinal, amor puro e sincero eles já tinham mais até do que o suficiente.

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