sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Decisão

Edilson andava sorumbático. Não era mais o mesmo desde o ocorrido naquele verão. Havia se apaixonado por uma linda mulher. Tinha dela tudo o que poderia se querer de alguém, e mais além do que poderia imaginar. Isto, contudo, não teve um final feliz como nas comédias românticas ou filmes. Ele, permissivo em suas relações, deixava-se utilizar como, por vezes, um objeto do desejo da outra parte. Ao menos, ele julgava-se assim.

Quando houve o primeiro rompimento, sofreu. Chorava como um bezerro desmamado. Atormentado pelo fantasma da solidão, resolveu ceder terreno para que ela tomasse mais conta do relacionamento do que ele próprio. Achava que, desta maneira, poderia mantê-la ao seu lado. Ledo e grave engano. Nem seu romantismo, nem seu se importar e nem o seu companheirismo heróico, típico dos protagonistas de romances do século XVIII, nada disso conseguiu mantê-la ao seu lado.

Passava, agora, por esta crise. Será que esta mulher era apenas uma estrela cadente em sua vida? Teria passado com tal velocidade que nem ao menos ele poderia aproveitar de novo? Este, na verdade, era o seu sofrimento: ao invés de apreciar os bons momentos, sofria pela falta dos que nunca viriam. Sonhava em como seria estar casado com ela, ter filhos, reclamar das coisas que ela comprava - embora feliz por poder pagar por todas elas.

Chegou, então, a uma típica sinuca de bico: ou arriscava tudo ou ficaria naquela situação para sempre. Resolveu, então, tomar coragem - lógico que em doses homeopáticas. Nem de longe ele se imaginava tomando aquela atitude que tomaria, mas não via mais jeito. O postergar de sua atitude resolutiva o tinha colocado naquela situação e somente cabia a ele escavar a cova emocional que ele própria havia feito e enterrado-se nela.

Pensou, averiguou. Não é que ele não soubesse o que estaria por vir com sua atitude, ele sabia. Era um bom observador da natureza humana e profundamente ligado a entender as reações da psiquê - menos a psiquê de Madalena, que sempre o surpreendia. Ainda nos próprios labirintos de sua mente, tomou descobriu como fazer e quando. Resolveu esperar mais algum tempo, mas sabia exatamente a trilha que deveria percorrer.

Seria árdua. Iria, como um bom jogador de pôquer, usar de todas as ferramentas para ganhar o grande campeonato. Encarando desta maneira, pensava ele, poderia trazer a tona uma resolução plausível e razoável para aquilo que ele chamava de relacionamento. Não mais sabia como ela chamava, nem ao menos sabia o que ela sentia ainda por ele. Sabia, contudo, de uma coisa: não daria mais nenhum passo para trás, seguiria adiante. Sempre. Isto, ao menos, o consolaria; saber que estava tomando uma atitude condizente com a sua matéria primitiva, aquilo que o constituía enquanto ser humano.

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