quinta-feira, 11 de março de 2010

A uma sem nome...

Vejo você, linda. Maravilhosamente linda. Tento dividi-la em partes para tentar entendê-la melhor. Mesmo com tanta coisa para ser vista, tento reduzir a pequenas poucas coisas imensamente significativas e de maneira cativante, quase, disse quase, apaixonante.

Vejo os seus olhos, não duas pérolas negras que meramente refletem luzes. Seus olhos são como dois buracos negros, atraindo minha atenção em direção ao seu olhar. Nas pequenas explosões, por vezes solares de suas pupilas produtoras de prazer, percebo-me hipnotizado e entregue a tamanha sensação. Implodo-me, pouco a pouco, dentro de mim, numa onda sem fim de sentimentos. Tento, através de atos, reagir a isto... De alguma maneira poder cessar... Cessar, não... Aumentar isto.

Seus cabelos, parecendo rajas de petróleo da riqueza que compõe o visual mostra-me algo interessante. Não é virtual, pois não está em nenhuma das minhas páginas... Mas é uma realidade que brinca de esconder teu rosto por entre eles. Balançam de um lado para o outro suas pequenas madeixas, parecendo uma brisa do mar a balançar o coqueiro, seduzindo-o. Sinto-me absorvido por isto também.

Sua pele clara é como um espelho, algo que ilumina o meu dia. Liga-me e acende-me. Seu cheiro, inebriante e incômodo de tanto prazer que provoca, mistura-se com uma seda que se desdobra ao toque e que se entorta, contorce com a minha aproximação. Por vezes, só isto me faria feliz e meu cérebro sabe disto... E ele me prega peças. Distraído pela rua, quantas e quantas vezes ele fez questão de me mostrar que você não está comigo?

Ao longo do dia, sinto o seu cheiro. Como se fosse uma droga da qual eu não consigo me livrar, como o efeito do lsd que volta anos depois. Mas eu não uso drogas... E você, longe disto, é um acontecimento fascinante em minha vida. Nem sei se os cientistas conseguiriam mensurar o que você faz comigo, com meu cérebro, com minhas palavras... Nem tenho palavras, na verdade. Elas são inúteis. Elocubrações, pensamentos, perturbações, desânimos, rotinas, descaminhos... Tudo cai por terra ao ver sua boca.

Ah... A boca. Uma das coisas mais lindas que eu poderia presenciar em toda a minha vida. Uma boca aveludada, macia ao doce encostar dos meus lábios. Ela recebe os meus com um sorriso contido, tímido, levemente puxando o canto da boca para a direita. Sinto, então, os lábios meramente se tocando. Meramente eles se locupletam, buscando se encaixarem. Pouco a pouco, sinto seus os lábios superiores cedendo um pouco ao avanço dos meus, enquanto os seus inferiores avançam, dançando e prosseguindo. Enlouquecendo-me, aos poucos, como um conta-gotas, buscando pingar dosadamente em um oceano ansioso de desejo por você.

Hum... Sinto, após isto, o gosto de sua saliva. Se o teu cheiro me deixa inebriado, a tua saliva fica comigo por dias. Enlouquecedoramente. Posso comer, escovar os dentes, beber, chupar uma bala... Nada. Nada faz com que eu esqueça a sensação do seu gosto dentro do meu gosto. E que gosto. Que coisa sedutora, linda... Parece que foram anos, mas este... Ah... Este foi somente o primeiro beijo. A primeira parte, na verdade, do primeiro beijo. Passado, presente futuro misturam-se e perdem-se... O próprio tempo se confude e pára para olhar o que acontece. Parece que esta mesma entidade, parte da eternidade nos faz um favor: estende um tapete onde o tempo pára. Pára o relógio, param as pessoas... E vivemos só nós dois. Só na nossa pequena impossibilidade.

Minutos, horas parecem dilatar-se em um pequeno afago, um pequeno afeto... Um riso solto, uma piada sem graça. Um toque. Que toque. Tantas coisas ditas, tantas palavras sussurradas, tantos risos, graças, gemidos, carinhos, confortos... Ah... E também o sabor do não-dito. Deliciosamente não-dito, suplicado, imprensado, tentando ser impedido para que não se deixe escapar nada... Para que este nada não gere algo. Não se perceba... Ou para que não se deixe perceber quase nada.

Não consigo entender... Nem ao menos quero. Mesmo dividindo nas mais ínfimas partes, não consigo distinguir o que você é por inteira. Não sei o que quero. Sei o que quero. Sei o quanto quero, o quanto anseio, o quanto desejo, o quanto espero, o quanto... O quanto não é tempo demais para esperar algo tão precioso, tão raro, tão... sublime. E infernal ao mesmo tempo. Algo puro, algo sujo, algo... Algo tão especialmente e deliciosamente... Mulher. Talvez... Minha?

1 comentários:

Tuany disse...

Adorei o texto. Espero que esteja bem. Me liga ou faz um MSN!" rsrs

Tuany

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